quarta-feira, 24 de outubro de 2012

RENÚNCIA DOS REPRESENTANTES ELEITOS DO COMITÊ DE ÉTICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Após anunciar sua renuncia na última assembleia da Campanha Salarial, representantes eleitos do Comitê de Ética do estado do Rio de Janeiro encaminharam formalmente à Gepes a carta de renúncia. Mesma atitude tomaram os representantes dos estados de São Paulo e Rio Grande do Norte.

Veja a íntegra da carta e ao final o vídeo do anúncio da renúncia.

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Desde a criação do Comitê de Ética, há dois anos, alertamos para sérias distorções na sua composição (quatro indicados e um eleito) , bem como pela normatização do seu funcionamento ( estabelecida exclusivamente pelo empregador).

Mesmo assim, participamos das eleições com a perspectiva de mudar seu caráter. Batalhamos pelas mudanças e apresentamos inúmeras propostas para que o Comitê de Ética se transformasse em um instrumento de resistência do funcionalismo. O BB sempre se negou a discutir qualquer aspecto do Comitê.


Os Comitês de Ética não funcionam. As denúncias são registradas na Ouvidoria Interna que, caso não resolva o problema, encaminha-as à Gepes . Praticamente todas as denúncias de assédio ficaram circunscritas à Ouvidoria e às Gepes, que as devolviam para resolução no âmbito das Agências. A Ouvidoria e as Gepes, que “coordenam” os Comitês de Ética, não apresentam os dados e sequer dão satisfação sobre a condução das denúncias. Dessa forma, apesar de nós, representantes eleitos, sermos contatados por inúmeros colegas, relatando casos, nunca tivemos acesso às denúncias formais e não nos é permitido interferir em qualquer instância.


Durante dois anos de existência, na ampla maioria dos 27 Comitês Estaduais, não houve a análise de sequer um caso de assédio, quando muito houve a posse. Enquanto isso, o assédio moral só aumenta. Tanto é que o BB responde em juízo a vários processos, tendo sido recentemente condenado pelo TRT-DF por prática de danos morais coletivos. O assédio foi apontado como “verdadeira ferramenta de gestão nas unidades do banco”.
Cada vez se aprimoram mais os mecanismos de estabelecimento e controle de metas, como o Sinergia, que vai rumo à mensuração individualizada das metas. E assim, os funcionários cada vez mais adoecem, vivem à base de remédios de tarja preta.
 
Em Agosto/12 nosso mandato findaria. O descaso do BB é tanto que ele nem ao menos organizou as eleições que seriam obrigatórias, pelo regimento eleitoral. Em agosto, simplesmente fomos notificados da prorrogação dos nossos mandatos, sem qualquer consulta ao corpo funcional, que nos elegeu.

Outro fato gravíssimo foi a alteração da IN 369, em julho deste ano, que renormatiza o descomissionamento, descumprindo, descaradamente, o que está estabelecido em acordo coletivo. Um retrocesso: concede-se poderes para qualquer administrador descomissionar um colega por conduta inadequada ou ato de gestão, sem necessitar, para isto, de processo administrativo nem das três GDP. Esta IN se transformou na maior ferramenta de assédio : caso a meta não seja atingida, o funcionário está ameaçado de descomissionamento.

Toda esta arrogância se complementa agora, com posturas antisindicais : a Diref ameaça a utilização de inquérito administrativo contra os funcionários que não compensem as horas de greve, entre outras sanções contra os grevistas.

Pelo compromisso que mantemos com o programa através do qual fomos eleitos, hoje nos vemos obrigados a renunciar aos nossos mandatos como membros eleitos dos comitês de ética dos estados do RJ . Esta renúncia também está ocorrendo em outros estados, como em SP e RN. Renunciamos porque NÃO SEREMOS CONIVENTES com a farsa em que estes Comitês se transformaram.

Sabemos que o BB se utiliza da existência dos Comitês de Ética para "propagandear" que combate o assédio moral, sendo uma forma de defesa contra os processos administrativos e penais. . Por isto, relaciona-o no Balanço Social, alem de elencá-lo como uma "conquista" do funcionalismo.

A luta contra o Assédio Moral é central para os bancários. Por isso anunciamos esta renúncia e chamamos os diretores dos sindicatos de São Paulo e Rio de Janeiro, que representam 40.000 bancários, a divulgarem esta iniciativa, bem como a entrarem com representação junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) contra o BB por prática de Assédio Moral coletivo.

 
Assinam:
Vânia Gobetti

Fernando Cordeiro (Fernandel)


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