domingo, 21 de outubro de 2012

O Galo de Briga

O Galo de Briga é um jornal editado pela Comissão Sindical do Andaraí, formada pelos delegados sindicais de diversos prefixos do Complexo do Andaraí-BB / RJ

Leia abaixo algumas das matérias. No PDF, ao final, está a versão completa.

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A nossa campanha salarial 2012 foi muito parecida com as de anos recentes. Repetiu as velhas fórmulas da CONTRAF-CUT que atrapalham o avanço da luta dos bancários. Quase nenhuma preparação: não tivemos plenárias setoriais ou de delegados sindicais, foram convocadas apenas duas assembleias e pronto, estamos em greve por tempo indeterminado. Este é o cenário perfeito para uma greve controlada, onde a opinião dos bancários conta muito pouco ou quase nada, levando a uma participação cada vez menor da categoria.

No BB e na Caixa, a maior parte dos funcionários aderiu ao movimento grevista, mas ficou longe das assembleias ou de qualquer atividade da greve. Até mesmo na assembleia que deflagrou a greve e na de seu encerramento, o comparecimento foi muito baixo. O resultado, todos já conhecem: nenhuma das principais reivindicações foi atendida. O reajuste não refletiu nossas necessidades, nem o que produzimos para os bancos; o piso salarial continua achatado e no caso do BB, o reajuste foi inferior ao da Fenaban; o direito à jornada de seis horas ficou limitado a uma carta de “boas intenções” do banco. O BB se comprometeu a apresentar até janeiro de 2013 um plano de comissões de seis horas para “alguns cargos”. O banco quer, no entanto, uma mudança feita de forma unilateral, com a suspensão das ações na justiça.


Nossa avaliação é de que os bancários, quando organizados e mobilizados, podem muito mais! As últimas campanhas salariais não representaram a verdadeira força da nossa categoria. O nosso afastamento facilita o trabalho daqueles que agem cotidianamente para derrotar as nossas lutas. Os obstáculos só poderão ser superados pelo aumento da participação, colocando o controle da greve nas mãos da categoria.

QUEM SE MOBILIZA CONQUISTA: O EXEMPLO DA CABB!
 
Se no geral o acordo específico do BB não teve avanços, para um setor houve conquistas. Os funcionários que trabalham nas Centrais de Atendimento (CABB´s) mostraram o caminho para conquistarmos nossas reivindicações. Antes mesmo de começar a campanha salarial, organizaram-se e fizeram um encontro nacional dos atendentes. Realizaram duas paralisações em nível nacional, antes da greve da categoria. Durante a greve, alcançaram, em São Paulo, uma paralisação superior a 90%. O resultado foi que duas de suas reivindicações centrais foram atendidas: a trava de dois anos para solicitar transferência foi reduzida para um ano e as comissões de atendentes A e B foram unificadas, com aumento do valor de referência para R$ 2.554,20. Com isso, um atendente B, que está no primeiro nível do PCS (A1), vai ter um aumento de 30,43%. Esta vitória nos mostra que, quando estamos organizados e mobilizados, é possível conquistar nossas reivindicações.

O significado das opressões para os trabalhadores 

Opressão é toda conduta ou ação que transforma diferenças em desigualdades, para que estas beneficiem um determinado grupo em relação a outro. A opressão dos negros é racismo, das mulheres, machismo e dos homossexuais, homofobia. Para justificar as opressões, a sociedade em que vivemos cria ideologias falsas, como a ideia de que mulheres e negros são inferiores, ou de que as mulheres têm determinadas características que as tornam naturalmente mais aptas aos afazeres domésticos. Além disso, esta sociedade naturaliza as opressões e nos faz acreditar que o mundo sempre funcionou assim e que assim sempre será. Mas isso não é verdade! Diversos estudos antropológicos mostram que em muitas sociedades antigas, que viviam sob um comunismo primitivo, homens e mulheres tinham papel igualmente relevante. Nelas não existia nenhuma forma de dominação de um sexo sobre outro, como também não existia nenhuma forma de dominação de uma classe rica sobre a massa de trabalhadores, pois nelas não existiam classes sociais diferentes. 

Apesar dos grandes avanços conquistados, através de muita luta, por mulheres, negros e homossexuais, ainda há muitas desigualdades. Vemos isso nos altos índices de violência contra as mulheres e os homossexuais, nos salários menores pagos a mulheres e negros para desenvolver a mesma função de um homem branco ou nas diferenças dos trabalhos desenvolvidos majoritariamente por estes grupos dentro da sociedade, que em geral são os mais desgastantes e desvalorizados. Na sociedade capitalista, as opressões servem para aumentar o lucro dos patrões, à medida que justificam os salários menores ou menos despesas com direitos para determinados grupos. Dessa forma, servem também para aumentar a exploração de toda classe trabalhadora. Vemos isso também no caso das diferenças entre funcionários e terceirizados, estes últimos sofrem com a falta de direitos e ainda com o tratamento desigual. 

Infelizmente, as opressões são reproduzidas cotidianamente pelos próprios trabalhadores, nas relações familiares, na rua e no trabalho. Elas dividem os trabalhadores e dificultam sua organização. E, com isso, quem sai ganhando mais uma vez é a classe dominante. 

Nós, da Comissão Sindical, nos colocamos em campanha contra as opressões! Acreditamos que deve prevalecer entre todos os trabalhadores relações de respeito e de solidariedade. Pretendemos manter um espaço permanente no nosso jornal para discutirmos este tema e garantir o combate a qualquer forma de opressão. 

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