terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Cortes do orçamento comprometem a segurança nas agências do BB

O descaso do Banco do Brasil com a segurança em suas agências vem colocando em risco a vida de funcionários, trabalhadores terceirizados, clientes e usuários.
Sua política de promoção sucessiva de cortes de verbas orçamentárias, voltada a vários setores do BB, revela um impacto alarmante junto a DIGES.
Os cortes no orçamento voltados às questões relativas à segurança bancária impõe uma gestão irresponsável da segurança em suas unidades em todo o país, fato que consagrou o BB como o campeão das multas aplicadas pela Polícia Federal no final do ano de 2013, quando foi multado em um total de R$ 2,755 milhões, deixando mais que clara a falta de segurança a que trabalhadores e clientes têm sido expostos em todo o Brasil.
Sabemos que o orçamento e as políticas para o BB são definidos pelo governo federal, e que estão articulados com a política que o governo Dilma implanta em nosso país. Quais são, portanto, as bases dessa política?

O orçamento da União 

Estamos diante de um governo que remete cerca de 50% de todo o orçamento anual do país para “honrar compromissos” com a banca internacional. Para garantir o cumprimento desses compromissos, a política do governo Dilma se utilizou de incentivos fiscais a indústria e oferta de crédito a população visando o crescimento do consumo interno para dinamizar a economia, além de promover a privatização da rede de infraestrutura do país. Assim, o ano de 2013 foi marcado pelo grande endividamento das famílias brasileiras e por um amplo processo de privatização de rodovias, portos, aeroportos, sob a alcunha de “concessões”, cujo ponto mais dramático foi a entrega do mega-campo de Libra ao capital privado. Uma vez realizado esse projeto de privatização, o Governo Dilma dirige-se em 2014 as empresas públicas e de capital misto, impondo-lhes o aprofundamento de cortes orçamentários que auxiliarão o governo federal na construção do superávit primário necessário para o pagamento dos juros da dívida pública junto aos banqueiros. Totalmente descolada do clamor das ruas que desde junho de 2013 cobram mais investimentos, o Governo Dilma com sua política vem agravando não só a vida dos trabalhadores, mas também da juventude em nosso país.

O reflexo no BB 

Os cortes no orçamento do BB, política exigida pelo Governo Dilma, tem assim impacto imediato nas condições de trabalho dos bancários. A partir da redução orçamentária, as agências operam sem que as condições mínimas de segurança sejam observadas. Insuficientes, estas se expressam na ausência de portas de vidro para a rua, nos alarmes e câmeras de cftv inoperantes, nas portas giratórias com mecanismo de trava comprometido, nos tapumes instalados em janelas e paredes onde deveriam existir vidros para viabilizar o trabalho dos vigilantes.
Os cortes no orçamento da DIGES também têm exigido a redução da dotação de vigilantes nas agências. Em 2013, a vigilância noturna foi extinta e a responsabilidade com abertura e fechamento das unidades foi imposta aos funcionários, ampliando os riscos - relativos a natureza do próprio trabalho - aos quais estes estão submetidos cotidianamente.
Em muitas agências não há a rendição do vigilante para o seu almoço. A sugestão do BB, através de posicionamento informal da RESEG para a solução desta situação, revela o absurdo desrespeito ao trabalhador: o vigilante pode almoçar antes das 10 ou após as 16 horas. Significa dizer que ou o café-da-manhã ou um lanche-da-tarde: almoço jamais.
Nas agências que operam no interior de prédios é comum haver somente um vigilante, sem rendição para o almoço: enquanto este almoça, não há vigilante algum na dependência.
É evidente o descaso que o BB adota em relação às vidas dos trabalhadores e clientes. Embora siga obtendo lucros recordes a cada semestre, o BB abandona a todos à própria sorte em relação à manutenção de suas vidas.
E para além de eximir-se de sua responsabilidade, ousa transferi-la aos bancários. Ou seja, através da “técnica da inversão de responsabilidades”, o BB imputa ao seu funcionalismo, vítima de uma política que desconsidera aspectos fundamentais para o exercício seguro de sua prática profissional, a responsabilidade relativa à preservação de suas vidas e de todo o patrimônio do BB.
Foi para experimentar esta ideologia perversa que os Gemods das agências foram convocados em janeiro. Sob o pretexto de que realizariam um curso por três dias, a verdadeira intencionalidade do BB veio à tona: a de propalar uma ideologia que desqualifica inclusive a relevância de vigilantes para a segurança nas unidades, e em contrapartida colocar toda a responsabilidade nos ombros dos bancários. A malícia do BB concretiza, através da exigência de revista da bolsa de funcionários, a ideia de que os bancários são o problema e a solução para as questões de segurança no BB.
Mas o funcionalismo do BB não se calará frente a esta situação! Precisamos nos mobilizar, exigindo que o sindicato convoque uma reunião com os funcionários das PSOs.
Vamos nos organizar e exigir que o BB reveja o orçamento voltado à segurança para garantir a integridade física de trabalhadores e clientes. Somente a luta dos bancários pode mudar sua realidade!
Juntos, reafirmaremos que a responsabilidade pela segurança dos trabalhadores e dos clientes é do BB e do Governo Dilma!

Com salários atrasados, vigilantes terceirizados param BB

A empresa de vigilância CJF, que presta serviços ao Banco do Brasil em vários municípios do estado do Rio de Janeiro, atrasou mais uma vez os depósitos dos salários. Desta vez, além do salário, o 13º também não foi depositado.
Em resposta, os trabalhadores decidiram pela paralisação das atividades. Várias agências do BB não puderam operar, pois não contavam com o serviço de segurança.
O BB demorou a dar uma resposta à situação. Mas acabou por adiantar os salários dos vigilantes lotados em suas agências.
É necessário que fique claro que o BB não fez nenhum favor quanto ao adiantamento, uma vez que é legalmente responsável pelas dívidas trabalhistas de empresas terceirizadas caso estas descumpram seus compromissos.
Mas a situação dos vigilantes está longe de ser resolvida, pois continuam expostos a enfrentarem mais uma vez a mesma situação, na medida em que o próprio processo de terceirização estabelece relações de trabalho extremamente precarizadas, onde a exploração e a fragilidade dos direitos são extremamente acentuados.
Somente com o fim da terceirização será possível aos vigilantes recuperarem direitos perdidos e retomarem uma carreira própria no BB.