Em 2008, a crise econômica tomou
conta da economia capitalista mundial, levando à falência bancos, grandes
empresas multinacionais e até países inteiros. No Brasil, o governo Lula, para
evitar, naquele momento, a contaminação do país pela crise, tomou medidas que
visavam impulsionar o consumo da população. Uma das principais foi o aumento da
oferta de crédito. Com ela, os bancos não foram atingidos pela crise e seus
lucros continuaram crescendo. Enquanto as 500 maiores empresas do país sofreram
uma queda de 10% nos lucros em 2008 e outra queda igual em 2009, os 5 maiores
bancos (BB, Itaú, Bradesco,
Caixa e Santander)
tiveram uma média de crescimento do lucro de 24% entre 2008 e 2010. A verdade é
que o setor financeiro do nosso país saiu ganhando com a crise! E esse ganho se deu em cima
de um endividamento generalizado da população, que hoje sofre para sobreviver
com uma grande parte do salário comprometida com as dívidas.
Fonte: PIB IBGE
– Ativos dos Bancos, Banco Central (BC) – Elaboração ILAESE
Além deste
salto no crédito para a população, há outro fator determinante para o
crescimento espetacular do lucro dos bancos no Brasil. Boa parte dos seus lucros vem do pagamento, pelo governo, de juros
altíssimos sobre os títulos da Dívida Pública Interna, que em 2011 atingiu
a histórica marca de R$ 2,5
trilhões. Em 2011, o governo destinou 45% dos recursos do Orçamento Geral da
União para o pagamento da Dívida Pública. Os bancos foram os maiores
beneficiados. Enquanto isso, os gastos com saúde ficaram limitados a 4% e com educação
a 3% do orçamento. Os trabalhadores, que são os maiores financiadores do Estado
através do pagamento dos impostos, não têm o retorno justo e necessário em
investimentos nos serviços públicos essenciais.
Ao contrário, temos ainda que enfrentar o corte nos gastos sociais, para
garantir as metas de superávit primário que se destinam ao pagamento da dívida
pública, que nunca sofre cortes. Como
vemos, os bancos no Brasil são hoje verdadeiros parasitas que sugam os recursos
públicos e exploram a população com tarifas e juros altos.
Enquanto isso, a categoria ...
Mesmo com os altos lucros do sistema financeiro, a categoria sofre com o avanço da precarização do trabalho bancário e com os ataques a seus direitos. As seguidas reestruturações nos bancos que visam o avanço da automação, a redução de custos com pessoal, o avanço da terceirização e dos correspondentes bancários têm sido responsáveis por grandes mudanças na categoria. Nos últimos 20 anos ela foi reduzida à metade, os salários diminuíram e as condições de trabalho pioraram muito.
Demissões
Mesmo ganhando muito, os bancos seguem demitindo. A crise
econômica agravou uma tendência do sistema financeiro, a formação de monopólio.
As fusões e a compra de bancos menores por grandes bancos, junto com as
privatizações, têm gerado um grande número de demissões na categoria. Os bancos
também demitem para contratar funcionários novos com salários menores.
Infelizmente, o combate que a atual diretoria do sindicato tem dado às
demissões é muito insuficiente. As pontuais reintegrações corrigem injustiças
individuais, mas não resolvem um problema que é de toda categoria, nem impedem
que os bancos sigam demitindo. É preciso e possível ir além na questão das
demissões. Não podemos aceitar que com a lucratividade que os bancos têm, eles
continuem demitindo em massa. Devemos exigir do governo uma posição firme e
medidas concretas contra as demissões imotivadas, sobretudo neste cenário de
altos lucros. Devemos organizar a categoria para lutar, na campanha salarial,
por uma cláusula no acordo coletivo que garanta a estabilidade no emprego
durante a vigência do acordo, impedindo as demissões imotivadas.
salário X LUCRO
A distância entre os salários pagos pelos bancos aos seus
funcionários e o lucro produzido por eles é algo escandaloso. Entre 1996 e
2010, enquanto as receitas dos bancos cresceram 276%, o gasto com pessoal
cresceu apenas 127%. Ele sequer acompanhou a inflação do período (IPCA IBGE),
que ficou em 157%. Os lucros? Ah, estes cresceram 1.485%! Hoje, a receita dos bancos com tarifas cobre
todos os gastos com pessoal e ainda sobra dinheiro.
A tabela seguinte mostra a relação entre receita e custo
por funcionário dos 5 maiores bancos do país, em 2010.
<><><><>
Receita X Custo por funcionário
em mil R$ no ano de 2010
|
|||||
BB
|
Itaú
|
Bradesco
|
Caixa
|
Santander
|
|
Receita
|
652
|
839
|
843
|
367
|
1021
|
Custo
|
100
|
78
|
93
|
92
|
92
|
Receita/Custo
|
6,5
|
10,8
|
9,1
|
4,0
|
11,1
|
Fonte: Banco
Central
Para o ano de 2010, segundo estes
números, um bancário do BB que trabalha 6 horas paga seu salário mensal em
aproximadamente 18 horas ou 3 dias de trabalho. No Itaú e no Santander, um
bancário que trabalha 6 horas paga seu salário mensal em aproximadamente 11
horas ou 2 dias de trabalho. No Bradesco, esse tempo é de aproximadamente 13
horas ou 2 dias de trabalho e na Caixa, de aproximadamente 30 horas ou 5 dias
de trabalho. No restante do mês, o bancário trabalha de graça para o patrão, só
produzindo os lucros astronômicos.
Os índices de reajuste fechados nas campanhas salariais e
festejados pelos sindicatos da CUT não refletem nossas necessidades, o lucro
produzido com o nosso trabalho, nem as perdas salariais que acumulamos. Aquelas
direções sindicais privilegiam a negociação da PLR, que acaba sendo usada como
chantagem pelos bancos para acabar com a greve. O “aumento real” (qualquer 0,01% acima da
inflação) vendido por
aqueles sindicatos como uma vitória é, em verdade, uma falácia, pois se
acumulamos perdas só teremos aumento real depois que estas forem zeradas. O
piso atual da categoria, de R$
1.400,00, é outro disparate. Não permite a sobrevivência de uma pessoa, quanto
mais uma família, em uma capital do país hoje. Um piso tão baixo no setor que
mais lucra no país!
Por isso, defendemos a luta pela reposição das perdas salariais, pelo piso do DIEESE e por planos de carreira que garantam promoções por tempo de serviço. Por isso pedimos seu voto na Chapa 2!
Por isso, defendemos a luta pela reposição das perdas salariais, pelo piso do DIEESE e por planos de carreira que garantam promoções por tempo de serviço. Por isso pedimos seu voto na Chapa 2!
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