quarta-feira, 21 de março de 2012

Sistema Financeiro no Brasil: exploração, agiotagem e parasitismo


Em 2008, a crise econômica tomou conta da economia capitalista mundial, levando à falência bancos, grandes empresas multinacionais e até países inteiros. No Brasil, o governo Lula, para evitar, naquele momento, a contaminação do país pela crise, tomou medidas que visavam impulsionar o consumo da população. Uma das principais foi o aumento da oferta de crédito. Com ela, os bancos não foram atingidos pela crise e seus lucros continuaram crescendo. Enquanto as 500 maiores empresas do país sofreram uma queda de 10% nos lucros em 2008 e outra queda igual em 2009, os 5 maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander) tiveram uma média de crescimento do lucro de 24% entre 2008 e 2010. A verdade é que o setor financeiro do nosso país saiu ganhando com a crise! E esse ganho se deu em cima de um endividamento generalizado da população, que hoje sofre para sobreviver com uma grande parte do salário comprometida com as dívidas.



Fonte: Banco Central e IBGE – Elaboração ILAESE





                    Fonte: PIB IBGE – Ativos dos Bancos, Banco Central (BC) – Elaboração ILAESE

Além deste salto no crédito para a população, há outro fator determinante para o crescimento espetacular do lucro dos bancos no Brasil. Boa parte dos seus lucros vem do pagamento, pelo governo, de juros altíssimos sobre os títulos da Dívida Pública Interna, que em 2011 atingiu a histórica marca de R$ 2,5 trilhões. Em 2011, o governo destinou 45% dos recursos do Orçamento Geral da União para o pagamento da Dívida Pública. Os bancos foram os maiores beneficiados. Enquanto isso, os gastos com saúde ficaram limitados a 4% e com educação a 3% do orçamento. Os trabalhadores, que são os maiores financiadores do Estado através do pagamento dos impostos, não têm o retorno justo e necessário em investimentos nos serviços públicos essenciais.  Ao contrário, temos ainda que enfrentar o corte nos gastos sociais, para garantir as metas de superávit primário que se destinam ao pagamento da dívida pública, que nunca sofre cortes. Como vemos, os bancos no Brasil são hoje verdadeiros parasitas que sugam os recursos públicos e exploram a população com tarifas e juros altos.

Enquanto isso, a categoria ...

Mesmo com os altos lucros do sistema financeiro, a categoria sofre com o avanço da precarização do trabalho bancário e com os ataques a seus direitos. As seguidas reestruturações nos bancos que visam o avanço da automação, a redução de custos com pessoal, o avanço da terceirização e dos correspondentes bancários têm sido responsáveis por grandes mudanças na categoria. Nos últimos 20 anos ela foi reduzida à metade, os salários diminuíram e as condições de trabalho pioraram muito.

Demissões

Mesmo ganhando muito, os bancos seguem demitindo. A crise econômica agravou uma tendência do sistema financeiro, a formação de monopólio. As fusões e a compra de bancos menores por grandes bancos, junto com as privatizações, têm gerado um grande número de demissões na categoria. Os bancos também demitem para contratar funcionários novos com salários menores. Infelizmente, o combate que a atual diretoria do sindicato tem dado às demissões é muito insuficiente. As pontuais reintegrações corrigem injustiças individuais, mas não resolvem um problema que é de toda categoria, nem impedem que os bancos sigam demitindo. É preciso e possível ir além na questão das demissões. Não podemos aceitar que com a lucratividade que os bancos têm, eles continuem demitindo em massa. Devemos exigir do governo uma posição firme e medidas concretas contra as demissões imotivadas, sobretudo neste cenário de altos lucros. Devemos organizar a categoria para lutar, na campanha salarial, por uma cláusula no acordo coletivo que garanta a estabilidade no emprego durante a vigência do acordo, impedindo as demissões imotivadas.

salário X LUCRO

A distância entre os salários pagos pelos bancos aos seus funcionários e o lucro produzido por eles é algo escandaloso. Entre 1996 e 2010, enquanto as receitas dos bancos cresceram 276%, o gasto com pessoal cresceu apenas 127%. Ele sequer acompanhou a inflação do período (IPCA IBGE), que ficou em 157%. Os lucros? Ah, estes cresceram 1.485%! Hoje, a receita dos bancos com tarifas cobre todos os gastos com pessoal e ainda sobra dinheiro.


A tabela seguinte mostra a relação entre receita e custo por funcionário dos 5 maiores bancos do país, em 2010.
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Receita X Custo por funcionário em mil R$ no ano de 2010

BB
Itaú
Bradesco
Caixa
Santander
Receita
652
839
843
367
1021
Custo
100
78
93
92
92
Receita/Custo
6,5
10,8
9,1
4,0
11,1

Fonte: Banco Central


Para o ano de 2010, segundo estes números, um bancário do BB que trabalha 6 horas paga seu salário mensal em aproximadamente 18 horas ou 3 dias de trabalho. No Itaú e no Santander, um bancário que trabalha 6 horas paga seu salário mensal em aproximadamente 11 horas ou 2 dias de trabalho. No Bradesco, esse tempo é de aproximadamente 13 horas ou 2 dias de trabalho e na Caixa, de aproximadamente 30 horas ou 5 dias de trabalho. No restante do mês, o bancário trabalha de graça para o patrão, só produzindo os lucros astronômicos.

Os índices de reajuste fechados nas campanhas salariais e festejados pelos sindicatos da CUT não refletem nossas necessidades, o lucro produzido com o nosso trabalho, nem as perdas salariais que acumulamos. Aquelas direções sindicais privilegiam a negociação da PLR, que acaba sendo usada como chantagem pelos bancos para acabar com a greve. O “aumento real” (qualquer 0,01% acima da inflação) vendido por aqueles sindicatos como uma vitória é, em verdade, uma falácia, pois se acumulamos perdas só teremos aumento real depois que estas forem zeradas. O piso atual da categoria, de R$ 1.400,00, é outro disparate. Não permite a sobrevivência de uma pessoa, quanto mais uma família, em uma capital do país hoje. Um piso tão baixo no setor que mais lucra no país!



Por isso, defendemos a luta pela reposição das perdas salariais, pelo piso do DIEESE e por planos de carreira que garantam promoções por tempo de serviço. Por isso pedimos seu voto na Chapa 2!

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